Desafios da Amazônia

A Diocese de Óbidos se encontra dentro de uma realidade chamada Amazônia. A Amazônia está na ordem do dia no imaginário e nas preocupações nacionais e internacionais.
 A Amazônia, quando se fala de sua extensão, revela números extraordinários. A Amazônia Continental cobre perto de dois terços do continente sul-americano, incluindo não só áreas do Brasil, como também, da Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Guiana Francesa. Só no Brasil são seis décimos do seu território, superando a superfície de toda a Europa Ocidental. Dentro deste mundo, temos a grandeza da bacia hidrográfica, expressa em dezenas de milhares de quilômetros de rios navegáveis e em volume de água doce líquida que é estimado em um quinto, ou mais, do total mundial. Do mesmo modo podemos ainda falar da exuberância da floresta tropical úmida, um terço da existente no mundo. A conjunção de fatores como água, umidade, flora, fauna, a sua localização sobre o Equador, explica o fato de se concentrar na Amazônia a maior diversidade biológica do planeta. Esse é um patrimônio original, único e ainda não suficientemente estudado. É um manancial de potencialidades futuras de alimentos, matérias-primas, energia, fármacos e outros itens. Cumpre então preservá-la, evitando a destruição e aproveitá- la a favor do povo amazônico e da humanidade como um todo. Devemos também lembrar as riquezas do subsolo, os minerais metálicos e não metálicos que fazem da Amazônia uma das maiores, se não a maior das províncias minerais do globo terrestre. 
É dentro deste contexto que ocorre a presença humana pela qual a Diocese é responsável. Temos ainda dentro da Diocese populações indígenas às quais temos que atender física e espiritualmente. Não são tão numerosas, mas merecem a nossa atenção. Existem por outro lado os ribeirinhos, posseiros, italianos, judeus, negros e os povos da floresta em geral, que sobrevivem da caça e pesca, do extrativismo vegetal e alguma agricultura rudimentar. Tem sido esta população a dar o rosto socio-econômico regional. 
A população regional acompanha as tendências nacionais é, agora, predominantemente urbana. Este é um dado importante para nossa evangelização. Todas as sedes de nossos municípios estão crescendo e os interiores se despovoando. As nossas cidades incharam ao atraírem as populações rurais desamparadas, oriundas dos próprios municípios e fora deles. Estas populações só têm status de urbanas, mas a urbanização ainda não chegou às periferias das sedes dos municípios para onde estas populações se deslocaram. Vivem sem as estruturas urbanas básicas. 

 A ação humana sobre a natureza amazônica é um dos grandes problemas da atualidade, também para a nossa evangelização. As grandes queimadas degradam a floresta. Os cursos de água são poluídos, as cabeceiras são desmatadas, seus leitos sofrem assoreamento. Madeiras nobres são dizimadas, espécies animais são extintas, se pratica a pesca predatória e agora vivemos o momento da troca da floresta pela soja. Tudo isto decorre da pobreza e do desamparo a que são submetidas as populações tradicionais. A região ainda não conseguiu resolver o problema de suas populações, carentes de condições básicas de sobrevivência e tudo isto se agravou pela demanda dos serviços sociais básicos e de investimentos produtivos a uma escala incompatível com as capacidades dos capitais privados e dos poderes públicos locais. O narcotráfico é outro problema regional, que traz por tabela a militarização e internacionalização da Amazônia.
 A região deseja e almeja um verdadeiro desenvolvimento econômico e humano. Mas este desenvolvimento não pode ser a qualquer custo e para alguns, como tem acontecido até aqui, deixando as populações na pobreza de sempre. O desenvolvimento da Amazônia tem de levar em conta as características próprias e únicas da região e principalmente olhar a qualidade de vida que se pode construir para o povo amazônida.
A Amazônia está assim regredindo à condição de mero prolongamento físico do resto do país, sem um programa próprio para seu desenvolvimento sustentável. “A região amazônica apresenta uma realidade paradoxal: muita terra, muita riqueza e, ao mesmo tempo, muita pobreza. Pobreza produzida ao longo da história por força de relação de  explorações, de subordinação, de violência política e institucional, a maioria de origem  externa.

 Esta imensa região foi evangelizada desde as suas origens por missionários estrangeiros. Esta Amazônia apresenta grandes desafios pastorais, sobretudo por causa de sua extensão territorial. Por isso a importância dos agentes evangelizadores estrangeiros e a força e presença da Vida Religiosa até aos dias de hoje. Podemos dizer que, se existem Igrejas vivas e atuantes, deve-se muito ao trabalho pioneiro dos religiosos e das religiosas. Embora os desafios persistam, a presença dos religiosos é cada vez menor e insuficiente para responder aos desafios que aumentam cada vez mais.  É importante destacar o grande contributo das lideranças leigas ao longo dos anos para o avanço desta Igreja Local.

A Diocese de Óbidos\PA

A Diocese de Óbidos está presente em sete municípios, Alenquer, Curuá, Faro, Juruti, Óbidos, Oriximiná e Terra Santa, se localizam ao longo do Rios Amazonas, trombetas,  atingindo aproximadamente 600 comunidades numa superfície de 182.763,31 km2, sendo a população, dados do IBGE 2010, 270.000 habitantes. A Diocese de Óbidos está localizada ao norte do país, no Oeste do Pará. Limita-se com as prelazias de Parintins, Roraima, Diocese de Santarém, Suriname e Guiana Francesa. Fica aproximadamente 1.000 km da capital do Estado, Belém.  



Conhecendo um pouco da história da Diocese

A colonização da Amazônia foi feita pelos portugueses, estes traziam em suas embarcações missionários para a evangelização dos nativos. Com a fundação do Forte do Presépio (Belém) em 1612 iniciou-se a ocupação da Amazônia. Várias ordens religiosas vieram para a Amazônia, entre elas destacamos: Jesuítas, Carmelitas, Mercedários e Franciscanos, que receberam uma área específica para sua evangelização. Os franciscanos (Capuchos da Piedade), receberam a região da costa do Atlântico até a região do rio Nhamundá, pela extremidade esquerda do rio amazonas. O sistema de evangelização dos missionários era o “aldeamento”, assim sendo, fundaram várias missões: Missão Nhamundá (Faro), Missão Sant‟Ana (Óbidos), Missão Baré (Curuá), mais tarde transferida para a Missão Surubiú (Alenquer). Esses aldeamentos prosperaram e tiveram um
 grande desenvolvimento. Com a expulsão dos religiosos do Brasil em 1757, por ordem do Marquês de Pombal, esses aldeamentos ficaram abandonados, sendo elevados a categoria de Vila, em 1758 por Mendonça Furtado. Alguns receberam o título de freguesia (paróquia), acontecendo então a secularização das missões, havendo uma grande decadência por falta de missionários na maioria das vilas. Apenas nas principais havia padres, nas demais acontecia a visita de desobriga (às vezes levava mais de 2 anos para receberem essas visitas). Com a proclamação da República, foi abolido o padroado, e a Igreja pôde expandir suas atividades, ampliando o número de circunscrições eclesiásticas e o episcopado não estava mais sujeito a escolha do poder civil. A Amazônia estava dividida em duas dioceses (Belém e Manaus); a grande extensão territorial exigia a divisão do Pará, por isso D. Francisco de Rego Maia, bispo de Belém, providenciou o desmembramento de parte de sua diocese, justamente a área que canonicamente constituía a antiga Vigária Geral do Baixo Amazonas. Porém, segundo os parâmetros da época, a região carecia de estrutura básica para ser transformada em nova Diocese: não tendo clero suficiente, e religiosamente era atrasada. A solução encontrada por Roma foi criar uma Prelazia Nullius de caráter missionário. Com data de 21 de setembro de 1903, o Papa Pio X criou a Prelazia Nullius de Santarém, formada pela área desmembrada da Diocese de Belém. A nova Prelazia abrangia uma área de 700 mil km2  e tinha uma população esparsa de 200 mil habitantes. Devido o tamanho e a escassez de padres, o prelado Monsenhor Frederico Costa, propôs a Roma a entrega da prelazia a uma ordem religiosa, fato que aconteceu em 1907 com a entrega da Prelazia aos 
franciscanos da Província de Santo Antonio. Mais tarde D. Amando Bahlmann, fundador das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição Mãe de Deus, propôs a divisão da Prelazia, sendo então criada a Prelazia do Xingu em 1934. Em 1949, o prelado D. Anselmo Prietrulla propôs a criação da Prelazia de Macapá. Com a II Guerra Mundial começou a escassez do envio de missionários alemães para a Prelazia, e a província de Santo Antônio solicitou a Roma ajuda dos franciscanos de outras províncias, sendo atendidas pela província Sagrado Coração de Jesus, dos Estados Unidos.
Por causa da grande extensão territorial e o crescimento da população, especialmente na região do Tapajós devido o Projeto da Borracha de Ford, o bispo Dom Floriano Loewenau propôs a Nunciatura o desmembramento da Prelazia mais uma vez. Atendendo a sua solicitação, D. Lombardi, Núncio Apostólico do Brasil, dirigiu a Santa Sé o pedido de criação da nova Prelazia nessa região. Após ouvir o parecer de D. Floriano, bispo prelado de Santarém, a Santa Sé criou a Prelazia de Óbidos, em 10 de abril de 1957, pela Bula “Cum Ait Animorum” do Papa Pio XII, formada pelas paróquias de Sant‟Ana (Óbidos), Santo Antônio (Alenquer), São João Batista (Faro), N. Sra. da Saúde (Juruti) e Santo Antônio (Oriximiná). A nova circunscrição eclesiástica foi confiada aos franciscanos da Província de Santo Antônio (conhecidos como alemães)). A 11 de outubro de 1957 o Papa Pio XII nomeou o primeiro prelado Nullius de Óbidos, D. Floriano Loewenau, até então bispo prelado de Santarém. A instalação da Prelazia de Óbidos ocorreu em 2 de fevereiro de 1958, juntamente com a posse de seu primeiro bispo prelado. A realização do Concílio Vaticano II fortaleceu a caminhada da Igreja na Amazônia e a grande preocupação dos bispos e padres foi a formação de agentes de pastorais locais. As comunidades começaram a se organizar para a celebração da palavra (culto) pois até então eram ladainhas e devoção aos santos. Com a Bíblia colocada na mão do povo, surgiram os círculos bíblicos, aconteceram os cursos de formação de leigos. A presença dos padres missionários franciscanos era pequena para a grande extensão territorial da Prelazia; algumas paróquias não tinham padres residentes e eram atendidas por outras paróquias. Mesmo com todas as dificuldades e a idade avançada de alguns frades, eles não desanimaram e continuaram sendo os grandes missionários desta missão. Em 1972 foi nomeado bispo prelado de Óbidos, D. Constantino José Lüers, que permaneceu na Prelazia por curto período de tempo (1973 – 1976). Depois foi nomeado Frei Martinho Lammers, mais tarde nomeado Prelado e finalmente bispo Prelado de Óbidos. Muitas paróquias estavam sem atendimento adequado e outras sem padres, então fora solicitada ajuda a outras congregações. Respondendo a esta solicitação, a Congregação do Verbo Divino (Verbitas); Nesta caminhada pastoral destacamos a presença das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição, especialmente na educação e saúde, e na pastoral as Irmãs Franciscanas de Maristelas, no serviço paroquial e social, das Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado e das irmãs Franciscanas de Dilligem, que prestaram serviços na Missão Tiriyó. Tivemos ainda colaboração dos padres diocesanos alemães em Juruti e Terra Santa, que prestaram e continuam prestando relevantes serviços na pastoral e na formação.

 Devido o pedido de renúncia de Dom Martinho Lammers das atividades de Pastor da Prelazia, o Papa Bento XVI anunciou no dia 28 de Janeiro de 2009, a nomeação de Frei Johannes Bernhard Bahlmann, frade da Província da Imaculada Conceição do Brasil, como Bispo para a Prelazia de Óbidos. Em 2011, Dom Bernardo solicitou ao Papa Bento XVI a elevação da Prelazia a categoria de Diocese, e no dia 09 de novembro do mesmo ano, o Papa anunciou a elevação da Prelazia de Óbidos, para a categoria de Diocese e ao mesmo tempo nomeou o primeiro bispo Dom Frei Bernardo Johannes Bahlmann, OFM. No dia 21 de janeiro, de 2012, foi oficializada a elevação da prelazia de Óbidos (PA) à categoria de Diocese.

Atualmente a Diocese de Óbidos conta com sete Paróquias e quatro áreas missionárias, além do clero Diocesano, ela conta com ajuda de Padres das Dioceses de Würzburg-Alemanha; Caruarú-PE; Saugueiro-PE, Pesqueira-PE e Juiz de Fora\MG. Além das Dioceses que contribuem enviando sacerdotes á também religiosos e religiosas de Congregações.