A missão encanta - 17 e 18\01

"Não podemos ficar tranquilos, em espera passiva, em nossos templos, sendo necessário passar de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária." (LG 15)

Finalmente chegou meu primeiro final de semana em terras paraenses, no Sábado fomos oficialmente apresentados a Paróquia, recebemos de presente da comunidade uma sandália para nossas longas caminhadas e o açaí, para nos dá força na missão, por sinal que espetáculo é esse açaí !!!

No Domingo logo cedo participei da missa na Matriz, onde contou com um bom número de fiéis, terminando a missa pegamos o carro e pegamos estrada. Fizemos uma viagem de uns 45 minutos dentro da floresta amazônica, em uma estrada de chão, com muitos buracos. 

Após a viagem chegamos a comunidade do Curumu, essa é o maior vilarejo da Paróquia,e a maior

comunidade. É um pequeno paraíso, ao chegar na Igreja deparamos com uma linda paisagem do Rio aos fundos, um lugar lindíssimo, abençoado por Deus. A vila é grande, tem aproximadamente 2.000 habitantes. Conta com três Igrejas, comunidades, a de Santo Antônio, a capela Nossa Sra de Fátima, e de Nossa Sra. Aparecida (essa fica da outra margem do Rio, para atravessar gasta no máximo 10 min, e o único caminho é pelo rio). O nome Curumu vem de uma fruta que existia na região, hoje ela não existe mais.

Essa comunidade por muito tempo ficou um pouco abandonada, quando era atendida pelos freis tinha apenas uma missa no ano, sempre na festa do Padroeiro. Com isso os evangélicos chegaram, hoje tem algumas Igrejas evangélicas. Existe aqui um bairro que eles chamam de desprezados, é um bairro que até pouco tempo não tinha luz, água e etc, por isso este nome. Não existe capela católica nele, somente Igreja Evangélica.

A Igreja de Santo Antônio é uma Igreja grande, ainda está em construção, por sinal já está em construção a 10 anos, e pelo tamanho e porte da Igreja ainda demorará muito para terminar as obras, a mesma ainda está no tijolo e cimento, falta todo o acabamento, além e janelas e etc.  A comunidade nos acolheu com muita alegria, quando nos apontamos na porta da Igreja nos acolheram com músicas de boas-vindas, fomos entrando na Igreja e todos nos cumprimentavam, o povo é muito simples, fiz a reflexão da palavra de Deus e percebi a maneira atenta do povo, o quanto prestavam atenção, a sede de Deus é enorme neste povo.

Após a missa damos uma volta na comunidade, conhecemos a Igreja antiga, que fica a margem do rio, construíram outra pois a antiga entrava água. Vimos as praias que cercam a comunidade, todas ficam da outra margem do Rio. Após conhecermos este pequeno paraíso fomos almoçar no cliper, a comunidade preparou um almoço para nós. Arroz, macarrão, farinha e frango, o prato típico do Pará. Após o excelente almoço nos despedimos desse lindo lugar.

A noite fomos a outra comunidade, em Arapucu, fica a 30 minutos da matriz, na mesma estrada de Curumu. Outro lugar lindíssimo, a capela fica de frente para um lago, e também se vê o Rio Amazonas. Um lugar calmo, silencioso, ótimo local para um retiro. Chegamos a capela é tinha apenas duas duas pessoas na Igreja, nos explicaram que eles ficaram em dúvida se teria ou não a missa. A comunicação é um dos grandes desafios por aqui. Muitos lugares não tem telefone, ou a rede sempre cai, muitas vezes não conseguimos comunicar com as comunidades, isso dificulta bastante. Bateram o sino até cansar para chamar o povo, iniciamos a missa com três pessoas e terminamos com mais de cinquenta. O povo da comunidade compareceu com o badalar dos sinos. É

 um povo muito simples, a mais simples que encontrei até agora,. Muitas crianças e jovens na assembleia. Após a missa pegamos o carro e retornamos.

           Voltei realizado, percebi o quanto a missão aqui é necessária, o quanto precisamos de homens e mulheres que doam sua vida por inteiro ao reino de Deus, a esse povo escolhido. Hoje senti mais forte do que nunca o meu chamado vocacional, meu chamado ao sacerdócio, hoje senti essa alegria interior, que invade nossa alma, toma conta de nosso ser. Que Deus me de a graça de sempre servi a este povo que tanto precisa de amor, tanto precisa da palavra de Deus.

         Ao chegar do interior logo recebi o convite para realizar uma celebração de exéquias, no mesmo instante me coloquei de prontidão e fui para a casa dos familiares do Sr. João Evangelista, este faleceu na última quarta-feira no hospital em Manaus. Partilhei com os familiares a tristeza do luto, na certeza da ressurreição.
        No fim da noite fui ao centro da cidade vê o carnaval. E me assustei com a quantidade de pessoas reunidas. Não imaginava que Óbidos tem tantas pessoas, todos brincando carnaval, em um clima de alegria total. Este povo é festeiro como nenhum outro que conheci até hoje. Toda essa alegria nos contagia, antes de voltar para casa fui comer outro prato típico de Óbidos, o churrasco. Por aqui todos os dias você vê pessoas fazendo churrasco nos passeios das casas, churrasco aqui não é só final de semana, é todos os dias. Devido ao forte  calor é muito comum você vê as famílias reunidas no passeio das casas fazendo seu churrasco . E claro churrasco com farinha, mas não pense você que a farinha vem apenas em cima do churrasco no palito, a farinha vem em uma pote a parte, afinal no Pará pode faltar estrutura básica, saúde, educação, segurança, etc, mas não pode faltar uma boa farinha e muita alegria.  

        E assim termina meu primeiro domingo em Óbidos, em ritmo de carnaval, em ritmo de festa. Que Deus possa continuar abençoado esse povo Paraense, conservando neles essa alegria e fé.