Uma breve avaliação - Dia 01\02

"A pastoral em chave missionária  exige o abandono deste cômodo critério  pastoral: 'fez-se sempre assim'. Convido todos a serem ousados e criativos nesta tarefa de repensar os objetivos, as estruturas o estilo e os métodos evangelizadores das respectivas comunidades." (EG 33)


Neste Domingo aproveitei que celebrei apenas na Matriz, e o Padre foi para o interior, para elaborar esse blog, dediquei quase todo o dia a ele, e consequentemente fiz uma avaliação desses meus primeiros vinte dias nessas terras paraenses, no coração da Amazônia. 
Confesso a vocês que antes de vim para cá a ansiedade era enorme, assim como o medo, as dúvidas, é sempre desafiador você deixar a margem e se lançar em águas mais profundas, comigo não foi diferente, deixar minha Arquidiocese, família, amigos, projetos, e etc foi um grande desafio. Mas durante a aproximação da viagem tive muito apoio, muito incentivo, isso foi animador, me fortaleceu para esse desafio. 
Após os primeiros dias na Amazônia já posso afirmar algumas coisas, entre elas que só se sabe o que é ser missionário na Amazônia, quem está fazendo a experiência: é tudo muito diferente do que imaginava, não dá para explicar, apenas viver, o clima é muito forte para quem vem de qualquer outra região do Brasil e as distâncias geográficas, desafiadoras, você logo descobre que você não veio para fazer coisas, mas estar com o povo, escutar, entender a dinâmica e a linguagem deles .
Na Amazônia tudo é diferente. A começar pelo clima e alimentação. Leva um bom tempo para acostumarmos com a realidade local. Realizar um trabalho missionário nessas terras exige de nós um esvaziamento total. Tudo é muito distante, a precariedade dos serviços básicos de saúde, de educação é gritante. O missionário que se dispõe a servir nessas terras deve fazer um verdadeiro despojamento, abrindo mão do conforto, da vida cômoda. Deve ser, acima de tudo, um apaixonado pelo povo pobre
e simples, pois esse o povo padece de muitas mazelas. No sudeste, temos facilidades de locomoção, de comunicação, e isso significa conforto. Para ser missionário aqui na Amazônia é preciso se despojar de tudo isso vim somente com o desejo de anunciar a Boa notícia, sem levar, cajado, duas túnicas… nada, assim como pediu Jesus. Mesmo porque aqui se caminha muito e essas coisas atrapalham a viagem. Fazer missão por aqui é, acima de tudo, evangelizar numa linguagem simples para um povo sedento da palavra do Senhor.
Foram apenas vinte dias de missão, mas foi tudo tão intenso, tão forte, tantas experiências marcantes. O pisar neste solo sagrado com os pés no chão, a simplicidade das comunidades, a alegria contagiante das pessoas, as longas viagens, o adentrar em lugares pensando que não existe seres humanos e se deparar com belos povoados, as enormes dificuldades com questões básicas, a falta de comunicação, de locomoção, os insetos, a água gelada, o forte calor, a luta pela preservação da floresta, a preocupação em formar comunidades, em está perto das pessoas, etc. Nestes poucos dias por aqui já aprendi muitas coisas, entre elas que com pouco também se vive. Que a vida acontece nos lugares mais remotos que possamos imaginar. Aprendi que a nossa Igreja tem, em cada lugar, um rosto diferente. Aprendi que também devo buscar uma fé simples, pura. Esse povo nunca sentou num banco acadêmico, mas conhecem Jesus por meio da simplicidade que se revela no cotidiano de suas vidas. A grande mudança que ainda trabalho em mim é perceber que as distâncias não são impedimentos para buscar o Senhor, e muito menos para anunciá-lo. Peço ao Senhor que continue me dando tantas graças, que eu possa continuar vivendo de maneira intensa essa grande missão que ele me confiou. Conto com as orações de todos, pois os desafios estão apenas começando.  


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