Sem as sandálias - Dia 13\01

"Em qualquer forma de evangelização, o primado é sempre de Deus, que quis chamar-nos para cooperar com Ele e impelir-nos com a força do seu Espírito. A verdadeira novidade é aquela que o próprio Deus misteriosamente quer produzir, aquela que Ele inspira, aquela que Ele provoca, aquela que Ele orienta e acompanha de mim e uma maneiras. (LG 12) 



Após me apaixonar pelo rio Amazonas logo no primeiro dia em solo paraense, quero destacar a acolhida que por aqui recebemos. Logo no nosso primeiro dia, dia 13\01 participamos de nossa primeira missa na Paróquia. Foi na comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, comunidade essa que fica dentro do período urbano de Óbidos, de carro fica a 5 minutos da Matriz, Fomos muito bem acolhidos pelas pessoas da comunidade, a capela é bem simples, assim como o seu povo. Destaco o grande número de crianças, adolescestes e jovens   que prestam serviço como coroinhas, são muito organizados e levam muito a sério o serviço do altar.
Um fato curioso que me chamou a atenção  foi que na hora que formamos a fila para procissão de Então disse Deus: Não se aproxime. Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é terra santa." (Ex 3,5). A jovem coroinha narra a primeira referência ao solo sagrado na Bíblia. Esta experiência marcou Moisés. Ao tirar as sandálias ele se conectou com a sua espiritualidade, com o seu chamado, com o propósito eterno para o qual havia nascido.
entrada percebi todos os coroinhas descalços, imediatamente virei para um deles e perguntei o motivo. Eis a resposta que escutei; "
Imediatamente, para a surpresa dos coroinhas, retirei minhas sandálias, e fiquei com os pés no chão.
Entendi que tirar as sandálias é muito mais do que uma atitude de reverência religiosa desses coroinhas. As sandálias de Moisés não permitiam que ele tivesse contado com aquele solo cheio da presença de Deus, com aquele chão mágico que traçaria sua vida dali em diante.  Retirei minhas sandálias por entender que piso em um solo sagrado, o solo da Amazônia,  pulmão de nosso planeta.
Sandálias também falam de movimento, de dinâmica. Fala sobre a poeira nos pés dos processos da vida. Tirei minhas sandálias para uma oportunidade nova para rescrever a minha própria história a partir do contato com essa nova realidade que me acolhe. Tirar as sandálias nos remete também  a ideia de renunciar a própria capacidade de ser. Moisés percebe que sem os sapatos, a sua vulnerabilidade e sensibilidade ficam mais evidentes, fatores imprescindíveis para quem quer estar na presença de Deus com humildade. Deus só pode ter um encontro com quem realmente somos, sem vestes ou aparatos que nos escondam ou nos deem uma ideia falsa de proteção. Retirei minhas sandálias pedindo a Deus a graça da humildade. 
E isso tudo me leva a pensar que quando se está descalço é preciso prestar atenção onde se pisa. Isto significa que estar na presença de Deus requer mais atenção, observação e reflexão. Sem as sandálias, podemos de pés descalços, interagir melhor e desenvolver nossa intimidade com Deus.
A partir dessa minha primeira celebração no coração da amazônia procure sempre retirar minhas sandálias, me colocando com os pés no chão. 
Após a primeira missa em Óbidos, retornamos a casa paroquial, onde lá já nos esperava o Bispo Diocesano, Dom Bernado, que com muita alegria nos acolheu em sua Diocese. Após um bom papo sobre os costumes do povo da amazônia encerramos nosso primeiro dia em terra de missão. 
   

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