O olhar missionário dessa Igreja - Dias 27 e 28\01

"Espero que todas as comunidades se esforcem para atuar os meios necessários para avançar no caminho duma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como estão. Neste momento não nos serve uma simples administração. Continuamo-nos em estado permanente de missão, em todas regiões da terra." (EG 25)  


             
Neste início de semana tive a oportunidade de conhecer um pouco mais da Diocese. Fui a cidade de Curuá, na Paróquia São Raimundo Nonato, fui para a apresentação de um novo Vigário Paroquial. Conheci mais um pedacinho dessa região tão bela. Escutei muitas histórias, da origem dos municípios, das antigas tribos indígenas da origem do nome Amazônia,  diz a lenda que Amazônia deriva de amazonas, guerreiras mitológicas. Segundo lenda, as amazonas pertenciam a uma tribo comandada por Hipólita que não aceitava homens: as crianças de sexo masculino eram mortas ao nascer. Amazona significa sem seio, em grego, porque a lenda também dizia que tais mulheres cortavam o seio para melhor manejar os arcos. A lenda foi transportada para a América do Sul pelos conquistadores espanhóis, pioneiros na exploração do rio Amazonas que, ao se depararem com índias guerreiras (em contraste com a cultura européia, na qual a mulher tinha apenas funções domésticas), acreditaram terem finalmente encontrado as amazonas. Após  ouvir muitas histórias, de participar da santa missa e conhecer novas pessoas, tive a oportunidade de conhecer a Fazenda da Esperança de Óbidos, que assim como em todos cantos do Brasil e do mundo realiza esse trabalho de resgatar vidas. A Fazenda de Óbidos tem capacidade para acolher 15 jovens, atualmente acolhem 9, além de 4 voluntários. 
            Mas gostaria de destacar nestes dias a grande preocupação missionária que percebi na Diocese de Óbidos, assim como a preocupação na preservação da Amazônia. A Diocese procura fazer muitas parcerias para adquirir terras, e assim realizar a preservação ambiental na região. Infelizmente o desmatamento é uma realidade nessa região, e pouco se fiscaliza, é muito comum ao andarmos pelas estradas nos deparamos com caminhões com grandes toras de madeira, a grande maioria de maneira ilegal. E a Diocese tem essa grande preocupação, e  um dos caminhos encontrando para a preservação e adquirindo através de parcerias áreas na região, assim evita nessa área o desmatamento. 
Além de adquirir áreas para ajudar na preservação da Amazônia, a Diocese tem um olhar todo cuidadoso na formação de comunidades. Fiquei imensamente feliz em perceber isso, pois em minha região isso era algo que sempre me entristecia. Parece que no sudeste vivemos uma fase onde não se cria novas comunidades, vemos bairros surgindo, enormes condomínios, regiões se desenvolvendo, e nós não temos o olhar de garantir um espaço, de fundarmos comunidade. Muito de nós do clero, temos um discurso que primeiro deve se criar a comunidade viva, a comunidade formada por povo, para depois pensar em espaço e etc. Claro que o caminho é este, mais percebo que muitas vezes damos essa desculpa como preguiça de criar comunidades, escutei algo muito forte nessa minha visita: “Nós, sacerdotes, temos Cristo como Cabeça da Igreja, e nós nas Paróquias somos aqueles que animam, que incentivam, que puxam, sendo assim, nós temos que incentivar o povo de Deus a se organizar, a se estruturar”. Aqui na Diocese de Óbidos temos uma Igreja bem viva e atuante, que tem um olhar no futuro, que ao perceber uma localidade que aponta para um povoamento, ela logo corre e adquire um terreno. Quando começa a ter moradores ela logo incentiva a se tornar comunidade, a se reunir para oração, para os encontros, para as celebrações. Interessante perceber que estamos falando de uma região carente de Sacerdotes, mais estes não perdem o espirito missionário,  e graças a estes poucos Padres vemos uma Igreja aqui na Amazônia que cresce a cada dia, que se expande, pois consegue estar perto do povo,  mesmo sem a presença constante do Sacerdote, eles tem um espaço perto de casa para a oração, para a partilha. Vejo nessa Diocese na prática o que a Igreja hoje do Brasil nos pede “A descentralização da Paróquia e a consequente valorização das pequenas comunidades deveria ser a grande missão da Igreja que busca desenvolver a cultura da proximidade e do encontro.” (Doc 100, n 191)

Que o Senhor abençoe cada vez mais o Bispo dessa Diocese, que é um grande missionário, e consegue ter uma visão de futuro. Que nós possamos aprender com esse povo, que Igreja se constrói em comunidade. 

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