"Espero que todas as comunidades se esforcem para atuar os meios necessários para avançar no caminho duma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como estão. Neste momento não nos serve uma simples administração. Continuamo-nos em estado permanente de missão, em todas regiões da terra." (EG 25)
Neste início de semana tive a
oportunidade de conhecer um pouco mais da Diocese. Fui a cidade de Curuá, na
Paróquia São Raimundo Nonato, fui para a apresentação de um novo Vigário
Paroquial. Conheci mais um pedacinho dessa região tão bela. Escutei muitas histórias,
da origem dos municípios, das antigas tribos indígenas da origem do nome
Amazônia, diz a lenda que Amazônia deriva de amazonas, guerreiras mitológicas. Segundo lenda, as amazonas pertenciam a uma tribo comandada por Hipólita que não aceitava homens: as crianças de sexo masculino eram mortas ao nascer. Amazona significa sem seio, em grego, porque a lenda também dizia que tais mulheres cortavam o seio para melhor manejar os arcos. A lenda foi transportada para a América do Sul pelos conquistadores espanhóis, pioneiros na exploração do rio Amazonas que, ao se depararem com índias guerreiras (em contraste com a cultura européia, na qual a mulher tinha apenas funções domésticas), acreditaram terem finalmente encontrado as amazonas. Após ouvir muitas histórias, de participar da santa missa e conhecer novas pessoas, tive a oportunidade de
conhecer a Fazenda da Esperança de Óbidos, que assim como em todos cantos do
Brasil e do mundo realiza esse trabalho de resgatar vidas. A Fazenda de Óbidos
tem capacidade para acolher 15 jovens, atualmente acolhem 9, além de 4
voluntários.
Mas gostaria de destacar nestes
dias a grande preocupação missionária que percebi na Diocese de Óbidos, assim
como a preocupação na preservação da Amazônia. A Diocese procura fazer muitas
parcerias para adquirir terras, e assim realizar a preservação ambiental na
região. Infelizmente o desmatamento é uma realidade nessa região, e pouco se
fiscaliza, é muito comum ao andarmos pelas estradas nos deparamos com caminhões
com grandes toras de madeira, a grande maioria de maneira ilegal. E a Diocese
tem essa grande preocupação, e um dos
caminhos encontrando para a preservação e adquirindo através de parcerias áreas
na região, assim evita nessa área o desmatamento.
Além de adquirir áreas para
ajudar na preservação da Amazônia, a Diocese tem um olhar todo cuidadoso na
formação de comunidades. Fiquei imensamente feliz em perceber isso, pois em
minha região isso era algo que sempre me entristecia. Parece que no sudeste vivemos
uma fase onde não se cria novas comunidades, vemos bairros surgindo, enormes
condomínios, regiões se desenvolvendo, e nós não temos o olhar de garantir um
espaço, de fundarmos comunidade. Muito de nós do clero, temos um discurso que
primeiro deve se criar a comunidade viva, a comunidade formada por povo, para
depois pensar em espaço e etc. Claro que o caminho é este, mais percebo que
muitas vezes damos essa desculpa como preguiça de criar comunidades, escutei
algo muito forte nessa minha visita: “Nós, sacerdotes, temos Cristo como Cabeça
da Igreja, e nós nas Paróquias somos aqueles que animam, que incentivam, que
puxam, sendo assim, nós temos que incentivar o povo de Deus a se organizar, a
se estruturar”. Aqui na Diocese de Óbidos temos uma Igreja bem viva e atuante,
que tem um olhar no futuro, que ao perceber uma localidade que aponta para um
povoamento, ela logo corre e adquire um terreno. Quando começa a ter moradores
ela logo incentiva a se tornar comunidade, a se reunir para oração, para os
encontros, para as celebrações. Interessante perceber que estamos falando de
uma região carente de Sacerdotes, mais estes não perdem o espirito
missionário, e graças a estes poucos
Padres vemos uma Igreja aqui na Amazônia que cresce a cada dia, que se expande,
pois consegue estar perto do povo, mesmo
sem a presença constante do Sacerdote, eles tem um espaço perto de casa para a
oração, para a partilha. Vejo nessa Diocese na prática o que a Igreja hoje do
Brasil nos pede “A descentralização da Paróquia e a consequente valorização das
pequenas comunidades deveria ser a grande missão da Igreja que busca
desenvolver a cultura da proximidade e do encontro.” (Doc 100, n 191)
Que o Senhor abençoe cada vez
mais o Bispo dessa Diocese, que é um grande missionário, e consegue ter uma
visão de futuro. Que nós possamos aprender com esse povo, que Igreja se
constrói em comunidade.
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